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Iniciado
Gêneros: Escolar, Slice of Life, Drama, Romance, Tragédia
Avisos: Álcool, Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Violência
Aviso legal
Alguns dos personagens encontrados nesta história e/ou universo não me pertencem, mas são de propriedade intelectual de seus respectivos autores. Os eventuais personagens originais desta história são de minha propriedade intelectual. História sem fins lucrativos criada de fã e para fã sem comprometer a obra original.
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Capitulo 01 - O cara da casa ao lado.
O inverno tinha sido intenso, as destruições que o mesmo causou era evidente nos jornais e na TV, era o de se esperar depois de ter sido o inverno mais trágico dos últimos anos. Não apenas a natureza ou construções haviam sido afetadas, mas também houve muitas mortes. Entre elas estava o irmão mais velho de Yuka.
O acidente ocorreu quando o rapaz de dezenove anos decidiu ir até as montanhas para esquiar, ele já havia combinado isso há meses com seus melhores amigos. Tudo estava pronto e planejado, e mesmo com os avisos de que seria um inverno perigoso, ele não deu o braço a torcer de sua decisão. Até porque ele havia reservado o melhor hotel, e então, o que menos se esperava era que algo aconteceria ali. Mas o inesperado aconteceu, e junto com Yatsu, mais doze jovens morreram.
A televisão estava ligada como sempre no mesmo canal, o preferido de sua mãe de variedades, ela sempre comprava coisas desnecessárias quais sequer usaria. Mas era um vício que ela havia adquirido desde então. Yuka não julgava, deixava sua mãe afogar a dor da perda no que ela quisesse, a menina não era diferente. Yuka não era mais a mesma, depois de dois meses, a jovem Hamura havia mudado completamente, e adquirido uma personalidade fria e despreocupada.
Ela desceu cedo as escadas aquela manhã, trajava uma roupa simples, informando que o frio já estava chegando ao fim.
— Foram só dois meses, Yuka. Não se sinta obrigada a... — dizia sua mãe antes de ser interrompida pela jovem pegando uma torrada e colocando na boca e saindo de casa.
Yuka já estava cansada da dó que sua mãe sentia por todos naquela casa. Yuka estava machucada, seu peito doía sempre que lembrava do irmão. Apenas ao ouvir seu nome seu corpo tremia na lembrança dele, e ver sua mãe daquela forma lhe deixava pior.
Mas a garota não queria se deixar afogar no desespero daquela perda.
Foram dias horríveis, ouvir sua mãe chorar pela parede de seu quarto lhe deixava em desespero, ela chorou todos os dias, e isso deixava Yuka tão mal que ela não aguentava mais ficar em casa. A garota então adquiriu vício em bebidas, e sempre que sentia que ia desabar, ela ia no mesmo bar e bebia as mesmas bebidas e sempre era levada para casa pelo seu amigo Ryou.
Ryou estava sendo seu porto seguro, por assim dizer. O rapaz nunca lhe abandonou e sempre tentou manter a sanidade de Yuka. Ele era seu amigo de infância, e desde o incidente ele voltou a fazer parte da vida da ruiva.
Aquela noite não seria diferente.
Yuka passava o dia inteiro sem fazer nada, seu corpo não se movia, ela deitava-se na grama em frente sua casa e observava os últimos flocos de neve daquele ano cair sobre seu rosto, logo se aquecendo e derretendo, escorrendo pelo seu olhar. Quem visse de longe, imagina que a mesma estava chorando. Mas ninguém imaginava que as lágrimas dela haviam secado há uma semana atrás.
Ela estava cansada de chorar, cansada de sentir pena de si e de sua família. Sentou-se ao chão coberto de neve arrumando seu casaco e abraçando suas pernas. Suspirou fundo com a cabeça baixa e pegou um cigarro para acender quando foi surpreendida com um caminhão de mudança chegando ao lado de sua casa.
— Vizinhos novos? Fala sério. — resmungou levantando e acomodando-se na parede. Ela acendeu o cigarro e desviou o olhar para o céu, percebendo o cessar da neve.
Era incomum alguém se mudar em período de inverno, e ela nem mesmo sabia que seus vizinhos haviam se mudado e a casa estava vazia, deu de ombro para seus devaneios e voltou o olhar para aquelas pessoas. Parece que seus novos vizinhos não tinham tantas coisas, a mudança foi bem rápida e ela não sabia identificar quem era os novos moradores, pois o caminhão atrapalhava e a ruiva nunca fora curiosa nesse ponto. Mas algo lhe desanimou, quando um grupo de vizinhas começaram a fofocar sobre aquilo, o que a fez revirar os olhos e voltar para dentro.
"Esteja sóbria, amanhã começa as aulas. E hoje não fará muito frio a noite, disseram que o céu vai estar estrelado. Isso é incrível, não?"
Essa foi a mensagem que soou em seu celular quando ela entrou em seu quarto. "Estrelas?" Pensou jogando o celular de lado. Ryou era um bom rapaz, ele dava muito valor a simplicidade das coisas, e parecia não entender que nada disso interessava Yuka. Ela deitou-se encarando o teto do seu quarto por alguns instantes antes de pegar no sono.
Aquele sonho de novo...
Yuka estava no parque central da cidade, ela corria atrás de alguns grilos. Era verão. A rede em sua mão balançava com a brisa quente e ela parecia chateada por não ter pego nenhum enquanto Ryou e Yatsu faziam uma coleção de insetos numa caixa. Bateu o pé chateada quando Ryou se aproximou pegando em sua mão sobre o cabo da rede e a guiando. Seu coração parecia saltar pela boca e o sorriso do rapaz lhe fez ruborizar.
Ele acariciou seu rosto pronto para lhe dar um selo quando ela acordou de repente com um barulho alto.
Assustada ela saiu na varanda para tentar ver alguma coisa, parece que o novo vizinho estava se dando mal enquanto tentava arrumar algumas lâmpadas.
Já era entardecer e a jovem arrumou seus cabelos em um coque mal feito e limpou o rosto tentando lhe acordar oficialmente. Decidiu entrar e jogar um pouco de água para descer, não havia comido nada e seu estomago reclamava de fome.
Desceu as escadas saltando de duas em duas e sentiu o aroma do jantar sobre suas narinas. Sua boca encheu de água e ela se aproximou da cozinha. Seu pai comia enquanto sua mãe lavava as louças, como sempre. Seu lugar estava ali e ela sentou-se lentamente. O barulho da televisão sempre lhe incomodava, mas não disse nada, seu pai não lhe encarava diretamente e o conjunto de sons ali pareciam maior em seus ouvidos. Saiu dos devaneios quando seu pai desligou a tevê, o que era raro.
— Amanhã começa as aulas, Yuka. Creio que sabe disso... — Começou seu pai, ela lhe encarava lhe deixando terminar, fazia semanas que não ouvia a voz de seu pai. Desde a perda de Yatsu ele não tinha mais tempo para nada além do serviço. — E com isso, vem responsabilidades. É seu último ano, e deve pensar no que fazer depois disso. Um emprego é importante, mas é mais ainda aproveitar seu ultimo ano... Yuka, eu sei que não tenho sido tão presente desde a... — sempre que comentavam de Yatsu o clima ficava tenso, parecia até que o silencio agora lhe incomodava. Mas não durou muito quando um novo som quebrou o silencio. Imaginou ser do vizinho novamente.
— Temos novos vizinhos. — explicou sua mãe.
Yuka era de poucas palavras, não sempre, desde a morte de Yatsu. Ela se isolou do mundo e não tinha muito o que dizer. Na verdade ela sentia-se mal pela forma que falavam com ela e quando ela sentia vontade de gritar, ela apenas se calava. Ryou sabia de seu desejo de gritar, e por isso sempre lhe levava à algum lugar distante para ela poder fazer isso.
Apenas Ryou sabia disso, ele sabia mais que ninguém o quanto a jovem estava frustrada. Durante esse tempo ela acabou se apegando ao carinho e amizade dele. A pessoa que ela não queria perder era Ryou, pois ela sentia que não suportaria se ele não estivesse ali.
Em outras palavras, ela estava apaixonada por Ryou.
— Quando terminar vá o ajudar, Yuka. — seu pai lhe pediu, ela suspirou desinteressada, mas concordou. — Bem, eu só queria deixar claro que ainda somos uma família, e que deve aproveitar o máximo esse ultimo ano, e não deixar nada lhe derrubar. Eu sei que não tenho sido a melhor pessoa esses últimos dias, mas eu ainda sou seu pai, e sempre serei. Não quero que se arrependa de nada, Yuka. Quero que tenha um ano incrível. A perda de Yatsu mexeu com todo mundo, mas a vida não vai parar por conta disso, então continue seguindo em frente, sempre em frente...
Já havia esquecido da última vez que seu pai havia dito coisas tão otimistas para ela. Bem, nos últimos dias ela não havia dito nada. Yuka concordou acenando a cabeça e terminaram de comer. Seu pai foi se deitar e ela agasalhou-se para ir até a casa ao lado.
Suspirou fechando a porta e encarou a casa ao lado por alguns segundos até criar coragem para ir até lá.
Se aproximou devagar e um garoto estava no topo de uma escada colocando algumas lâmpadas com uma caixa grande pendurada ao lado. Ele parecia não conseguir arrumar aquilo, mas mantinha-se empenhado em sua jornada. Ela não conseguia ver seu rosto, e sentia-se incomodada por causa disso.
— Hey, precisa de ajuda? — perguntou chamando-lhe a atenção.
O garoto levou um susto quase caindo da escada e derrubando a enorme caixa, ela foi para trás em um impulso e como imaginou ele caiu da escada e a caixa junto. Por sorte a neve alta acomodou ele não sendo uma queda muito perigosa, mas sua mão acabou ganhando um corte e um galo surgiu em sua cabeça por causa que bateu na escada quando foi se levantar.
Yuka segurou a risada e o ajudou a levantar.
— Desculpa, não sabia que... — calou-se ao encarar o rapaz. Seus olhos roxeados e cabelos no mesmo tom lhe intimidou, ele tinha uma bela aparência, mas não apenas isso, lhe encarar lhe deu uma nostalgia dolorosa, sua aparência era idêntica a Yatsu.
— Yuka? — Perguntou ele ao lhe voltar o olhar. Seu coração saltou quando ouviu seu nome, ela teve uma sensação estranha e seu corpo começou a tremer.
Seus olhos não se desviaram nenhum momento sequer, apenas quando a brisa gelada percorreu os dois lhes deixando com frio. Eles então entraram e o rapaz lhe pediu para ficar a vontade ali. A casa era enorme, mas estava vazia. A sensação era boa e agradável, estava bem aquecido e ela sentou-se em uma poltrona ainda desnorteada e sem graça.
Ele preparou um chá e levou até a sala.
— Você é a Yuka, não é? Tem que ser...
— D-de onde você me conhece...?
— Não se lembra de mim? Sou Katsui Yamada. A gente já se enfrentou em um torneio de natação três anos atrás. Eu fiquei em segundo lugar, atrás de você.
— A-ah. Isso. — ela então pensou um pouco e lembrou-se do acontecimento — Lembro sim, Yamada... Nossa, faz bastante tempo...
— Sim. — disse e serviu o chá — Tenho treinado bastante para lhe enfrentar novamente, na verdade eu estou aqui apenas para isso.
Yuka sentiu um frio na barriga, desde a morte de seu irmão ela não havia entrado mais na piscina. E nem mesmo vontade ela tinha de fazer isso. A água lhe lembrava Yatsu, pois ela começou a fazer natação depois que ele insistiu para ela fazer isso. E para ser mais específico, o treinador dela era Yatsu.
Ela levantou-se fazendo uma breve reverencia se desculpando.
— Me desculpe por isso, Yamada, mas eu não nado mais.
— Que!? Mas porque...?
— Eu preciso ir, desculpa lhe incomodar... — disse e saiu até a porta.
Porém não esperava que o mesmo fosse mais rápido que ela e empatasse o caminho para ela passar. Ela assustou-se e encarou Katsui que lhe analisava fixamente.
— Você não precisa se explicar, se não quiser. Mas veio aqui me ajudar, certo? E você precisa cuidar disso... — mostrou o corte em sua mão e depois o roxo em sua testa.
— Er...
— Eu tenho um kit de primeiros socorros, espere aí.
Saiu e Yuka suspirou finalmente. A sensação que Katsui passava era de que ele estava lhe afogando, a sua forma de agir lhe deixava esquisita, e a sensação de ver seu irmão no rosto dele lhe incomodava muito. Ela queria sair dali o mais rápido possível, mas não podia fazer isso enquanto sentia-se culpada por causa do ocorrido.
Ela voltou para sala e sentou-se novamente no sofá esperando ele voltar, não demorou muito e ele ajoelhou-se em frente dela colocando a caixinha de um lado e a mão em seu colo. Ele não disse nada, apenas lhe encarou como se estivesse esperando os cuidados da mesma. Yuka não sabia por onde começar e o olhar de Katsui lhe incomodava. Ela só sabia de uma coisa, quanto mais rápido ela fizesse aquilo, mais rápido ela iria embora.
Após enfaixar sua mão e colocar um curativo em sua testa, ela levantou-se se despedindo. Katsui nada disse, nem mesmo deu um obrigada, mas ela não queria pensar mais em nada, apenas queria ir embora. A forma mesquinha dele agir lhe irritava tanto quanto sua aparência.
Voltou para casa e subiu as escadas pegando seu celular, esperava ver alguma mensagem de Ryou, mas não havia nada. Tomou um banho e trocou de roupa, em seguida foi até a varanda. Lembrou-se da mensagem de mais cedo, sobre as estrelas. Então pegou um copo de leite quente e foi até a varanda para ver o céu.
Mesmo de frente sua varanda, estava a varanda de Katsuo. Ele bebia alguma coisa encarando o céu, ele parecia tão concentrado que nem viu ela do lado oposto. Foi o que pensou, então voltou para dentro escondendo-se atrás de uma parede.
— As estrelas finalmente voltaram. — ouviu ele dizer — Isso é um bom sinal para esse ano. — terminou e bebeu o liquido do copo. Ela deixou seu corpo deslizar na parede até sentar-se ao chão e encarar o copo de leite em sua mão. — Não vá dormir muito tarde, Yuka-san.
Ao ouvir seu nome, seu coração palpitou forte e seus olhos arregalaram. Sentiu um frio na barriga e então ouviu a janela se fechar. Demorou voltar a si, tanto que o leite em sua mão esfriou e ele acabou deixando de lado. Deu uma ultima olhada para o céu antes de fechar as janelas e ir dormir.
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Notas Finais:
A pedido de um amigo, eu estou começando esse novo projeto de Fic. Não será um fic longa, mas eu espero surpreender de alguma forma com essa fic. Bem, obrigada por lerem... xoxo;
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